Gothamitas [038] - Um Dia Ruim

Você conhece os heróis... Você conhece os vilões... Você conhece os policiais... Chegou a hora de conhecer Gotham City pelo olhar de seus verdadeiros habitantes: os GOTHAMITAS!!!


“Uma cerveja, por favor.”

Com certeza este é um dos lugares mais imundos em que eu já estive em Gotham City. Chão sujo, balcão engordurado, mesas de madeiras provavelmente cheias de cupim, paredes com a tinta descascando, iluminação fraca e uma música baixa ao fundo que eu mal posso distinguir.

Que local, hein?!

Na verdade, o que eu menos procuro neste momento é um lugar bacana para estar. Ao menos por alguns instantes eu quero me isolar do mundo e este parece ser um bom lugar pra isso. Havia na frente do bar ao lado da porta, quase sem destaque algum, uma placa informando que nesta noite teríamos apresentações de humoristas.

Bebida... Possibilidade de risadas... Entenderam porque eu escolhi entrar aqui?

Pego a minha cerveja e procuro uma mesa perto do palco onde acontecem as apresentações. No momento um cara negro se apresenta fazendo piadas com a sua própria raça. Ele é realmente engraçado.

Entretanto, isso me faz pensar: e se ele fizesse piadas usando pessoas brancas ou homossexuais, por exemplo, como tema? A graça seria a mesma? Ou até mesmo se a situação fosse inversa: um homem branco fazendo piadas sobre negros. Creio que a situação seria bem diferente.

Peço mais uma cerveja... E mais uma... E mais outra...

As apresentações seguem alternando entre muito ruins e muito boas. Provavelmente seja o efeito do álcool, mas as últimas realmente foram muito boas.

Chega a vez de um cara magrelo subir ao palco...

Ele se apresenta, mas eu não presto atenção no nome. Só consigo notar o seu chapéu, sua estranha gravata borboleta e sua boca com um sorriso enorme.

Ele realmente é muito magro... Quase tão magro quanto um... Um... Como é mesmo o nome daquele bobo-da-corte das cartas de baralho? Não consigo me lembrar agora...

Acho que é hora de parar de beber...

Sua apresentação começa bem, mas vai piorando conforme o tempo passa. Nem mesmo as inúmeras garrafas de cerveja, as quais eu já perdi a conta, e o efeito do álcool me ajudam a gostar de suas piadas.

Da metade para frente ninguém mais presta atenção nele... Pobre coitado...

Será mesmo que ele escolheu a profissão certa?

Vendo a situação em que este rapaz se encontra fico pensando em meus próprios problemas. Trabalho, casa, família. Os problemas dele podem ser muito maiores do que os meus, afinal por que motivos ele se prestaria a uma situação dessas?

Pode ser que ele apenas esteja em um dia ruim. Afinal, todos temos dias ruins, certo?!

Sou o único que ainda assiste à sua apresentação... Já que estou aqui, que mal ele e suas piadas podem me causar?

Por acaso alguém já ouviu alguma história sobre piadas que matam?

Seria no mínimo curioso...

Morrer de tanto rir...

Morrer com uma piada mortal... 



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