Após os filmes extremamente darks de Tim Burton e com a recusa do mesmo em voltar a dirigir um novo filme da bat-franquia, os executivos da Warner Bros. e Bob Kane decidiram que para um novo filme deveria ser criada uma atmosfera mais clara, mais leve, mais movimentada e com isso reinventar a franquia. Partindo desta premissa nasceu Batman Eternamente (Batman Forever, 1995).
Com a saída de Burton (que chegou a dizer “Não. Pra mim já deu.”) e a negativa de Michael Keaton para voltar ao papel título, a Warner precisou contratar as suas duas peças chave para o novo filme e os escolhidos foram Joel Schumacher (Garotos Perdidos, Um Toque de Infidelidade) e Val Kilmer (Top Gun – Ases Indomáveis, The Doors) para diretor e ator principal, respectivamente.
Schumacher “comprou” a idéia de fazer um filme light e com o aval dos produtores passou a criar uma nova Gotham City. Porém o diretor acabou se excedendo “um pouco” nas suas criações: estátuas masculinas por toda a cidade para, segundo o próprio, “a cidade ter personalidade e não somente ter estruturas góticas e concreto”; uma Estátua da Liberdade com Gotham escrito na testa; Gangues pintadas com tintas muito coloridas e que só aparecem em luz negra; Muito neon: nas ruas, nas armas dos capangas do Duas-Caras e até nos instrumentos da banda que toca na festa promovida pela Nygmatech.
A justificativa para tudo isso era que Joel Schumacher queria reaproximar os filmes para o visual dos quadrinhos, o que segundo Michael E. Uslan (nome forte da Warner/DC) foi atingido satisfatoriamente quando comparamos o filme com as HQ’s dos anos 40/50 onde tudo era exagerado. Mas, cá entre nós, precisava tanto assim?
E o que dizer de Val Kilmer? Bom, os fãs de Michael Keaton que me perdoem mas, na nossa humilde opinião, Keaton podia até convencer com o uniforme de Batman, mas quando se tornava Bruce Wayne... Hummm... Nesse quesito, Kilmer caiu como uma luva no papel de playboy bilionário, até mesmo por aparentar ser um, e também não fez feio com o uniforme do Morcego (a não ser por uma cena em “especial”, mas isso é assunto pra daqui a pouco).
Já que a idéia era atrair um novo público para a franquia, a entrada de Robin, personagem essencial na mitologia do Batman, era mais do que esperada. Sua origem foi contada 95% corretamente: artista circense, integrante dos Graysons Voadores, cuja família sofre uma tragédia e com isso é adotado por Bruce Wayne. Porém, na origem da HQ o Duas-Caras não participa em momento algum do que acontece com a família de Dick Grayson. Outra mudança foi torná-lo um adolescente, afinal, para o contexto do filme, uma criança combatendo o crime não seria algo politicamente correto, concordam?! Para o papel foram testados diversos atores como Ewan McGregor, Jude Law e Alan Cumming, mas por escolha do próprio diretor o personagem foi entregue a Chris O’Donnel (Perfume de Mulher, Os Três Mosqueteiros).
Com a manutenção de Michael Gough como Alfred e Pat Hingle como o Comissário Gordon, faltava apenas o “interesse feminino” da vez e a escolha não poderia ter sido melhor: Nicole Kidman (De Olhos Bem Fechados, Moulin Rouge) interpretando a psiquiatra Chase Meridian (personagem não existente nas HQ’s). A Dra. Meridian foi à Gotham convidada pelo Comissário a fim de analisar a personalidade do vilão Duas-Caras, porém acaba se envolvendo num triângulo amoroso com Batman e Bruce Wayne sem saber que na verdade os dois são a mesma pessoa.
Falando dos vilões, os escolhidos para este filme foram o Charada e o Duas-Caras, interpretados por Jim Carrey (Ace Ventura, Débi & Lóide) e Tommy Lee Jones (O Fugitivo, Homens de Preto), respectivamente.
Ambos não tiveram concorrentes diretos para o papel, pois desde o começo o estúdio queria estes atores específicos para o papel, porém diferentemente de Carrey que aceitou o papel assim que recebeu o convite, Tommy Lee demorou até concordar em interpretar o personagem e só aceitou por dois motivos: conversou diretamente com Bob Kane para desenvolver o personagem e para aceitar um pedido de seu filho. Parando pra analisar um pouco, nós até entendemos o receio do ator: no ano anterior ele recebeu o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante pelo seu papel no filme O Fugitivo e atingiu o auge de sua carreira, logo, por que ele se “meteria” num filme de História em Quadrinhos para estragar a sua imagem? Existem coisas que só o amor pelos filhos (e um cachê enorme) explica...
Com os vilões escolhidos foi montado um roteiro mostrando o Duas-Caras numa vingança pessoal contra o Batman (que, no filme, não o salvou de ter o seu rosto deformado por ácido), contando com a ajuda de Edward Nygma, um ex-funcionário da Waynetech obcecado por Bruce Wayne que desenvolveu um sistema para roubar e direcionar as ondas cerebrais dos cidadãos de Gotham para a sua própria mente, tornando-se o homem mais inteligente da cidade. Porém, ambos ficaram cartunescos demais! O Charada é um vilão que nunca se levou a sério, mas o Duas-Caras desde sempre foi um assassino frio que mata (ou não) sem precisar rir o tempo todo, algo que acontece durante todo o filme.
Suas origens foram contadas e, pra variar, alteradas.
Porém mesmo não sendo tão ruim, o filme é recheado de momentos “vergonha-alheia”:
- Na primeira cena do filme, Batman se prepara para sair com o Batmóvel quando chega o Alfred e pergunta: “Quer que eu prepare um sanduíche para o senhor levar?”, e Bruce responde: “Não. Eu pego no Drive Thru.”;
- Batman descobrindo a combinação do cofre com o aparelho de surdez do vigia ao melhor estilo MacGyver;
- Batman sobrevoando Gotham com o Batwing e fazendo um sinal de positivo para o Comissário Gordon no terraço da GCPD;
- Chase se insinuando para Batman/Bruce Wayne o filme todo!!! Fora a cena em que o Batman diz: “É o carro, certo? A garotas amam o carro...”;
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- Batman rindo com cara de bobo apaixonado? Péssimo!!!
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Fora estes momentos, tivemos também algumas homenagens à série dos Anos 60, como o “Santo metal enferrujado, Batman!” dito pelo Robin na ilha do Charada e uma alusão instrumental à trilha da série na cena onde o Batmóvel escala a parede (50m27s).
Curiosidade: numa cena deletada dentro da Batcaverna, Bruce Wayne confronta-se com um morcego gigante como se estivesse "enfrentando o seu destino”. Alguns sites divulgaram como se tratando do Morcego Humano, porém esta informação não procede.
Enfim, Batman Eterrnamente não é um filme ruim, porém não é um filme bom... É apenas um filme para se assistir sentado no sofá sem compromisso algum e para tentar aceitar a mudança brusca de estilos entre Tim Burton e Joel Schumacher, que além do filme dirigiu o clipe da música tema do filme: “Kiss From A Rose”, do Seal.
E se você não gostou de Batman Eternamente, o pior ainda estava por vir...
Na época do lançamento do filme em VHS (uau, que antigo), meu pai havia comprado um Pioneer CLDA100 (Googla aí), e o aparelho veio com um LD do Batman Eternamente com som original sem legendas. Eu lembro que a qualidade do material era muito boa, semelhante à um DVD... Batman Eternamente me trás saudades da infância e é assim que eu o assisto hoje: Como um filme infantil que fez parte da minha infância.
ResponderExcluirAnsioso pro Batman e Robin, huahuhauah