Você conhece os heróis... Você conhece os vilões... Você conhece os policiais... Chegou a hora de conhecer Gotham City pelo olhar de seus verdadeiros habitantes: os GOTHAMITAS!!!
07:00hs... O despertador toca e eu, mais uma vez, sou obrigada a me levantar para trabalhar. Isso está errado. Trabalhar não deveria ser tão penoso. Afinal, é trabalhando que nós conseguimos tudo o que queremos, certo?! Não me lembro em qual, mas li numa dessas revistas de administração que se você se sente na obrigação de trabalhar, obviamente é pelo fato de não gostar do que faz. Esse é o meu caso.
Quando criança gostava de brincar com as minhas bonecas fingindo que elas eram modelos e que a mesinha de centro da sala era a passarela. Sempre me imaginei como uma dessas modelos que viajariam o tempo todo e teria o meu rosto estampado nas capas de revistas do mundo inteiro. Entretanto, assim como acontece com 99,9% das adolescentes, o meu sonho foi por água abaixo pelo fato de eu não me encaixar nos padrões estéticos exigidos.
Quem criou estes padrões? Ninguém sabe. Porém isso me causou uma revolta enorme e me trouxe sérios distúrbios psicológicos. Ao olhar no espelho me sentia feia. Me sentia gorda. Pensava em me matar e coisas do tipo. Fiz acompanhamento com um especialista e consegui entender que se eu me matasse seria somente mais um número nas estatísticas. Desta forma consegui canalizar um pouco da minha raiva e escolhi uma profissão onde eu consigo trabalhar com o corpo. Ou melhor, com os corpos. Tornei-me legista no Instituto Medico Legal de Gotham City.
Pra quem olha de fora esta associação soa um tanto bizarra. E é! Porém, foi a única forma que, naquele momento, o meu subconsciente encontrou para amenizar um pouco a minha frustração.
09:00hs... Chego ao IML e no laboratório estão 3 novos corpos.
Claro que depois de um tempo vendo tantos cadáveres na sua frente você torna-se indiferente a eles que se transformam em “apenas mais um”. Contudo, em Gotham City nunca se sabe o que vamos encontrar. Não se esqueça que esta é a cidade com o maior número de assassinos psicóticos por m² no mundo!
Já vi corpos de todos os tipos: envenenados por alguma coisa da Hera Venenosa, congelados pelo Sr. Frio, queimados pelo Vagalume, mutilados pelo Crocodilo, além dos que chegam com os rostos apavorados de medo devido ao gás utilizado pelo Espantalho e, como não poderia faltar, os com os sorrisos enormes graças ao composto do Coringa.
Pros que querem saber, os com o sorriso estampado no rosto me causam arrepios. São de longe os piores.
13:00hs... Termino de analisar o primeiro dos 3 corpos. Uma criança de 11 anos que veio a óbito devido a complicações durante uma cirurgia no cérebro.
Não sei se posso usar a palavra “felizmente” já que a morte nunca é algo a se comemorar, muito pelo contrário, mas felizmente o garoto faleceu nas mãos dos médicos enquanto lutava por sua vida e não nas mãos dos insanos que dominam esta cidade. Se para os pais desta criança já é difícil lidar com o que aconteceu, imaginem se a situação fosse ainda mais complicada? Não gosto nem de pensar nisso.
15:40hs... O segundo corpo também é analisado. Capanga do Duas-Caras morto com dois tiros no peito. Esse foi fácil. Não perdemos muito tempo com vítimas de armas de fogo. Ainda mais se tratando de pessoas deste tipo. Nem valem o esforço.
Tenho, aproximadamente, mais 2h30m de expediente hoje e preciso terminar com este terceiro corpo. Abro o invólucro preto e vejo que se trata de uma adolescente extremamente magra com aparência de modelo. Nossa, ela é mesmo muito magra! Olho sua ficha e vejo que ela morreu devido à Anorexia.
Neste mesmo instante um filme passa pela minha cabeça, pois num “mundo alternativo” essa jovem sem vida deitada na mesa deste necrotério poderia ser eu. Pela primeira vez na vida fico realmente feliz por fazer o que faço e por não ter sido escolhida naquela “peneira” para me tornar uma modelo.
Pobre garota. Quais eram os sonhos dela? Será que ela queria ter filhos? Ela era realmente feliz desta forma? Infelizmente, estas são perguntas que ficarão sem respostas.
Três vidas interrompidas. Três famílias que choram a perda dos seus entes queridos. Mas, afinal de contas, o que diferencia o garoto, o bandido e a modelo? Em vida eles poderiam ser totalmente diferentes em todos os aspectos. Contudo, de uma forma irônica, a morte traz a igualdade a todos. É engraçado pensar que muitas pessoas passam a vida buscando a igualdade entre raças, povos, credos e, na maioria dos casos, só alcançam este objetivo quando estão mortos.
De uma forma democrática na morte somos todos iguais. No final somos apenas corpos.
Gostou? Não gostou? Comente abaixo e nos ajude a compor os próximos capítulos.
As histórias estão ficando cada vez melhores! Mais uma vez parabéns pelos ótimos textos, eles fazem nos sentirmos cada vez mais dentro de Gotham. Além da evolução das histórias, fica claro também que este cenário é muito próximo do que nós vimos com Nolan!
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