Gothamitas [002] - Sargento

Você conhece os heróis... Você conhece os vilões... Você conhece os policiais... Chegou a hora de conhecer Gotham City pelo olhar de seus verdadeiros habitantes: os GOTHAMITAS!!!

Gritos. Sempre os mesmos malditos gritos. Todas as noites é a mesma coisa. Como se já não bastasse estar nesse lugar nojento, sujo e cheio de ratos. Deus, como eu odeio ratos.

Asilo Arkham para Criminosos Insanos. Fundado por Amadeus Arkham em 1921, este local tinha o objetivo de, como o próprio nome diz, ajudar e curar (ou ao menos tentar curar) os bandidos diagnosticados como insanos. Este já foi um lugar muito respeitado e bom para se trabalhar. Hoje não passa de um depósito de malucos fantasiados que entram e saem a todo momento.

Todos nessa cidade sabem de quem é a verdadeira culpa de aparecerem cada vez mais loucos com fantasias. Tudo isso é culpa DELE. Se não fosse por ELE querer bancar o bom samaritano pulando pelos telhados de Gotham para salvar as donzelas indefesas, nada disso aconteceria. Afinal este trabalho é da polícia, certo?! Quem ele acha que é? O dono da cidade? Bruce Wayne? Não, não poderia ser Bruce Wayne. Esse é só mais um idiota filhinho de papai que nunca precisou trabalhar um dia na vida. Babaca.

Coringa, Espantalho, Senhor Frio, Hera Venenosa, Crocodilo... Já perdi as contas de quantas vezes ele capturou os fugitivos do Arkham. Também já perdi as contas de quantas vezes eles escaparam novamente. Alguém realmente leva esse lugar a sério? Parece que não. Ficam nesse jogo eterno de gato e rato. Ratos. Já disse que eu odeio ratos?

Gritos.

Todas as vezes que eu passeio por esses corredores ouço todo o tipo de coisas. Muitos gritam (por que eles gritam tanto?), alguns choram, outros conversam com eles mesmos e também tem aqueles que não emitem um único ruído. São desses que eu tenho medo. Quando estamos perto dos malucos estridentes sempre ficamos em estado de alerta. Mas você nunca sabe o que esperar de uma pessoa que está quieta. A impressão que passa é que estão sempre maquinando algum plano de fuga ou algo pior, muito pior.

Voltando aos fantasiados, será que alguém pode me explicar por que eles nunca ficam aqui por muito tempo? Aparentemente o segredo para se tornar um interno itinerante (por mais absurda que essa expressão possa parecer) é confeccionar alguma roupa ridícula, fazer tudo o que tiver vontade – roubar, estuprar, matar – e depois, quando for pego pelo escroto do Batman ou por algum dos bravos policiais de Gotham, é só levantar as mãos, falar “eu sou maluco, sou maluco” e pronto.

O mais engraçado é que o mais louco de todos não está aqui. Tire alguns minutos do seu tempo livre para refletir: o que leva um homem adulto a se vestir como um morcego e sair por aí socando todo mundo? Uma pessoa sã é que ele não pode ser. O que separa ele dos outros loucos com fantasia? Outra coisa: quantos policiais já ficaram sem emprego por causa desse Homem Morcego? Quantas famílias de ex-policiais já ficaram sem ter o que comer por causa desse filho da mãe, fazendo com que estes mesmos ex-policiais tivessem que roubar ou até mesmo matar pra poder dar um prato de comida pro seu filho e, devido a isso, ficassem malucos? Pense nisso.

“Boa noite Sargento. Tudo bem por aí?”

Eu não respondo.

“O que foi? Não quer falar comigo hoje?"

“O que você quer?”

“Calma! Tá nervosinho é?!”

“E tem como não ficar nervoso com esses malucos gritando o tempo todo?”

“De novo essa história? Toma. Bebe aqui o seu remédio que os gritos vão sumir. Não se lembra do que eu te disse ontem? É só tomar o remédio que tudo passa, Sargento. Os gritos, os ratos. Tudo vai sumir.

Definitivamente, eu odeio o Batman. E eu odeio ratos. Mas, afinal de contas, morcegos não são ratos com asas? 

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