Gothamitas [021] - Carta de Despedida

Você conhece os heróis... Você conhece os vilões... Você conhece os policiais... Chegou a hora de conhecer Gotham City pelo olhar de seus verdadeiros habitantes: os GOTHAMITAS!!!


Por onde começar... Bom, melhor que seja pelo começo...

Há 53 anos atrás eu nascia em Gotham City e desde então sou morador daqui. Nunca conheci outra cidade, portanto não sei dizer ao certo se ser um Gothamita é uma vantagem ou desvantagem.

Quando eu era criança tudo era muito diferente do que é hoje: esta era uma cidade próspera, as pessoas tinham orgulho em dizer que eram felizes habitantes de Gotham, indústrias e empresas de diversos ramos da economia se instalavam por aqui gerando muitos empregos e contribuindo diretamente para o crescimento da cidade, fora outras coisas que eu não me lembro.

Cresci e me tornei um jovem sonhador que almejava uma carreira sólida e, desta forma, criar um projeto para conseguir mudar o mundo. Também, como todo adolescente, passei pelas diversas fases de amadurecimento: me revoltei com tudo e com todos, me apaixonei pela “mulher da minha vida”e até quis fugir de casa e ir perambular pelo mundo. Tudo isso antes dos 16 anos.

Aos 20 anos me casei e me tornei pai pela primeira vez... Que transformação! Ter aquele pequeno ser em minhas mãos sabendo que ele dependia totalmente das minhas ações, mudou a minha forma de encarar a vida. Passei a ter mais responsabilidades e a dar valor ao que realmente importava.

Infelizmente, as coisas começaram a mudar em Gotham City: o número de crimes aumentou, algumas empresas se mudaram para outras cidades, pequenos comércios preferiam baixar as portas com medo do crescente número de assaltos e não demorou muito para que eu me tornasse mais um entre as centenas de desempregados.

Durante muito tempo não consegui emprego e nós sobrevivíamos graças à ajuda dos nossos parentes e amigos. Para complicar ainda mais a nossa situação, minha esposa engravidou novamente e, por eu não conseguir emprego, nós fomos morar na casa da minha sogra.

Para esquecer os problemas e afogar as minhas mágoas e tristezas passei a beber... E beber... E beber... Obviamente isso acabou com o meu casamento e eu fui expulso de casa pela minha esposa.

Não preciso dizer o quanto me tornei depressivo desde então...

Se antes a bebida era suficiente, logo passou a não ser. Me envolvi com drogas cada vez mais pesadas e passei a mendigar para sustentar o meu vício: no começo a maconha, depois cocaína e, finalmente, o crack.

Hoje completo 53 anos e vivo nas ruas desde aquela época. De vez em quando não sei se estou acordado, dormindo ou viajando devido ao efeito das drogas. Acho que na maioria das vezes estou viajando, pois eu podia jurar que há alguns dias vi um morcego gigante correndo atrás de um palhaço.

Escrevo essa Carta de Despedida e a jogo ao vento para, quem sabe, cair nas mãos de uma pessoa que a leia e a utilize como exemplo para mudar de vida enquanto é tempo.

Para mim, infelizmente, não existe mais tempo. Só me resta um caminho.

Farei o favor de trilhá-lo e adiantar este processo.

Adeus.



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Comentários

  1. Calma aí o cara se matou? parabéns caue este conto foi muito bem escrito o melhor até agora o que eu mais gostei

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